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Introdução

1. SETOR AUTOMOTIVO

O setor automotivo tem importante participação na estrutura industrial mundial. No Brasil, representa cerca de 23% do PIB industrial. Devido aos seus encadeamentos, é um setor cujo desempenho pode afetar significativamente a produção de vários outros setores industriais. Fora da cadeia automotiva propriamente dita, destacam-se os setores de aços e derivados, máquinas e equipamentos, materiais eletrônicos, produtos de metal e artigos de borracha e plástico. O setor de aço e derivados representa um dos insumos mais importantes para todos os subsetores da cadeia automotiva, especialmente para autopeças. Desta forma, observa-se que o setor tem importante impacto sobre o nível de atividade da indústria de transformação, sendo que o crescimento da produção automotiva pode, por meio da sua cadeia de fornecimento, impulsionar o crescimento de vários outros setores da indústria.

As montadoras são de grande porte em decorrência do padrão tecnológico do setor e do tamanho do mercado, que possui custos fixos altos para P&D em novos produtos, propaganda, setup (moldes, ajustamento de maquinário e outros), investimentos em máquinas, equipamentos e montagem da infraestrutura produtiva. Desse modo, as fábricas se caracterizam por estarem voltadas para o alcance de economias de escala, por meio da especialização por plataforma de automóvel e de economias de escopo, pela flexibilidade permitida pela organização na forma modular, por meio de consórcio modular ou condomínio industrial. 

Na maior parte dos casos, as empresas desse setor são transnacionais. Essas operam em escala global ou no atendimento de regiões geográficas específicas, por meio de multiplantas, que produzem nos diferentes locais, geralmente, os mesmos tipos e modelos de veículos. Observa-se, assim, uma divisão do trabalho dentro da cadeia de valor do produto. Os centros de decisão e de P&D localizam-se nos países sede e a fabricação é distribuída internacionalmente, de maneira a atender ao mercado final e às necessidades de outras filiais da empresa, via comércio intrafirma, onde não é viável a instalação de uma planta produtiva específica.

Sob essa lógica de modelo ‘global’ de competição, as montadoras estão cada vez mais integradas com suas subsidiárias em rede, com uma maior convergência entre as estratégias das unidades centrais com as de suas filiais. Assim, as subsidiárias passaram a homogeneizar a oferta de produtos – plataformas globais, bem como o padrão de fabricação e de organização do espaço produtivo, com algumas adaptações às particularidades do ambiente local de concorrência (tropicalização, no caso do Brasil). 

Quanto à estratégia de investimento da indústria automobilística em novas unidades produtivas, no período que teve início na década de 1990, o fluxo de investimentos diretos externos para países e regiões em desenvolvimento objetivou deslocar a produção mundial e elevar a participação no mercado de países em desenvolvimento, com maior potencial de crescimento do consumo de automóveis, resultado da saturação do mercado nas nações desenvolvidas e do movimento de criação de blocos econômicos regionais, com livre comércio entre seus membros e incidência de barreiras comerciais às mercadorias de países externos ao grupo. 

Com isso, as nações emergentes tornaram-se plataformas regionais de produção e distribuição. A localização em países emergentes que possuem melhor infraestrutura industrial, de transporte, de comunicações e maior capacitação tecnológica, possibilitou que a produção atendesse não apenas ao mercado doméstico, mas, também, a outros países da região. É nesse sentido que se observou importante aumento dos investimentos externos nos BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Em especial, deve-se destacar a importância da China e da Índia, que possuem um importante mercado interno e, ao longo dos últimos anos, suas montadoras nacionais vêm realizando um processo de catching-up tecnológico, possibilitando a internacionalização desses produtores, com a oferta de veículos a um custo relativamente menor.

 1.1 SETOR AUTOMOTIVO NO BRASIL

A produção mundial de veículos em 2014 foi de 89,7 milhões de unidades, dos quais 3,1 milhões foram produzidos no Brasil, o que o classifica como 8º maior produtor mundial de veículos ,atrás da China, Estados Unidos, Japão, Alemanha, Coréia do Sul, Índia e México. No que tange ao tamanho do mercado, em igual ano o Brasil comercializou 3,4 milhões de veículos, atrás apenas da China (23,4 milhões), Estados Unidos (16,8 milhões) e Japão (5,5 milhões). Porém, no ano corrente (2015), o país apresenta-se como o 7° maior mercado (números disponíveis até março).

A indústria automobilística brasileira, em grandes números, pode ser assim resumida:

31 fabricantes (veículos e máquinas agrícolas e rodoviárias); 500 fabricantes de autopeças; 5533 concessionárias (2015).

64 unidades industriais em 10 estados e 52 municípios.

Capacidade produtiva instalada de 4,5 milhões de unidades de veículos, e de 100 mil unidades de máquinas agrícolas e rodoviárias.

Faturamento, em 2014,(incluindo autopeças)de U$ 110,9 bilhões.

Investimentos, no período 1994-2012, de U$ 68,0 bilhões.

Produção acumulada de veículos montados, no período 1957-2014, de 71,2 milhões de unidades de veiculos, e 2,5 milhões de máquinas agrícolas e rodoviárias, no período 1960-2014.

Exportações de U$ 18,5 bilhões (2012) e importações de U$ 30,2 bilhões em 2014(incluindo autopeças).

Empregos diretos e indiretos totalizando 1,5 milhão de pessoas.

Participação de 23,0% no PIB Industrial e de 5,0% no PIB Total.(2014)

Geração de U$ 178,5 bilhões de tributos, em 2014, entre IPI, ICMS, PIS, COFINS.

Ranking mundial em 2014: 8º maior produtor e 4º mercado interno.

2. AUTOPEÇAS

No setor de autopeças, o segmento representado pelos fabricantes de autopeças de grande porte (sistemistas, nível 1) é dominado por empresas de capital estrangeiro. No caso dos fabricantes de menor porte (níveis 2 e 3), que fabricam forjados, fundidos, estampados, trefilados, plásticos, artefatos de borracha, produtos não metálicos, a maioria das empresas são de capital nacional, apesar do crescimento significativo das importações. A rentabilidade das pequenas e médias empresas de autopeças (níveis 2 e 3) é comprometida pela pressão exercida por clientes (sistemistas do nível 1 e montadoras) e fornecedores (siderúrgicas, por exemplo) que têm maior poder de barganha nas negociações comerciais. Na ponta final da cadeia o alto grau de competição entre as montadoras e a concorrência internacional, que provoca queda nos preços das autopeças, dificulta o repasse de custos por parte das empresas de autopeças. O que, aliado à baixa capacidade de investimento, devido aos custos elevados de materiais e serviços, aumenta a fragilidade desse segmento de empresas.

Desse modo, os fabricantes de autopeças dos níveis 2 e 3, na condição de fornecedores dos sistemistas globais, apresentam baixa capacidade de competir e de investir em pessoas, tecnologia e inovação, apesar de constituírem a base do fornecimento da cadeia produtiva de autopeças e serem fundamentais para o desempenho do setor, por tornarem viável a produção dos sistemistas e das montadoras. Várias pequenas e médias empresas do setor estão endividadas, descapitalizadas e têm dificuldades para pagar os tributos. Por conseguinte, não conseguem obter financiamentos de bancos privados e públicos para investimentos e capital de giro. 

Quanto ao setor fabricante de autopeças do Brasil, as empresas associadas ao SINDIPEÇAS estão localizadas em onze Estados. Como já citado, são 500 empresas, dentre as quais 45 são sistemistas, e têm faturamento da ordem de US$ 39,7 bilhões, gerando 220,0 mil empregos (ano de 2013), resultado do crescimento de 1,1% da produção física, no comparativo 2012/2013, e participação de 4,9% dos investimentos sobre o faturamento do setor.

 3. MÁQUINAS AGRÍCOLAS E RODOVIÁRIAS

O setor de máquinas agrícolas e rodoviárias conta com grande número de fabricantes no Brasil. Esse importante setor congrega as indústrias dedicadas à fabricação de máquinas autopropulsadas concebidas para a execução de tarefas de construção civil, inclusive pavimentação de estradas e vias públicas. Neste segmento, os principais equipamentos são tratores de esteira, retroescavadeiras, pás carregadeiras de rodas, motoniveladoras, entre outros. Já o segmento agrícola abrange máquinas autopropulsadas necessárias para o preparo do solo, plantio e colheita, tais como tratores de rodas, colheitadeiras e pulverizadores.

Em 2014, segundo dados da ANFAVEA, foram fabricadas cerca de 82 mil máquinas agrícolas e rodoviárias, o que significou uma queda de cerca de 20% em relação ao ano de 2013, quando houve recorde de  produção , totalizado mais de 100 mil unidades produzidas. Cabe ressaltar que o segmento de máquinas agrícolas automotrizes investiu cerca de US$ 655 milhões em 2012, e gera mais de 20 mil empregos diretos. 

Por sua vez, os implementos rodoviários, diferentemente da indústria de máquinas autopropulsadas, possuem uma estrutura mais diversificada. Esse setor contem micro, pequenas, médias e grandes empresas, ligadas ao segmento de transporte de carga, fabricando reboques, semirreboques, carrocerias sobre chassis. Este importante segmento industrial gera cerca de 70 mil empregos diretos e é responsável pela fabricação de implementos que transportam cerca de 60% de toda a carga brasileira, tendo em vista que o principal modal de transportes brasileiro é o rodoviário. 

O setor de implementos rodoviário fechou o ano de 2013 com crescimento no mercado interno. Foram 178 mil reboques, semirreboques e carrocerias sobre chassis emplacados em 2013, o que corresponde a um aumento de 10,9% em relação a 2012, quando foram emplacados 160 mil  implementos. Com faturamento na ordem de R$ 8,1 bilhões (2012), e capacidade de produção instalada de aproximadamente 215 mil unidades por ano, o setor planeja investir R$ 1,3 bilhão no período 2012-2015. Entretanto, devido à elevação da taxa de juros do PSI Finame do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), principal linha de crédito utilizada nesse segmento, o setor de implementos tem sofrido uma significativa redução na produção e vendas em 2014. Observou-se uma redução de 18% na venda de reboques e carrocerias nos quatro primeiros meses de 2014, comparando ao mesmo período do ano passado. 

 4. DUAS RODAS

Outro setor importante para a  economia brasileira  é o  setor de Duas Rodas – motocicletas e bicicletas. Especialmente nas últimas décadas, a motocicleta passou a desempenhar importante papel para a economia nacional devido  à criação de novos ofícios atrelados a este  veículo, como “mototáxi” e “motofrete”, o que resultou em  aumento da participação desses veículos na frota geral. A participação das motocicletas passou de 11,5%, em 1998, para cerca de 26,5% em 2014. Por sua vez, as bicicletas também desempenham  importante papel. Além de serem utilizadas com finalidade de lazer, são também um importante meio de transporte, devido à sua flexibilidade de circulação. 

O Brasil é um grande produtor de motocicletas, ocupa o 6º lugar no ranking mundial, e atingiu a produção de mais de 2,1 milhões de motocicletas em 2011. Devido a dificuldades relacionadas à aprovação de financiamento para motocicletas, houve uma queda nas vendas em 2012 e 2013. Ano passado, foram produzidas 1,69 milhão de motocicletas, 21,8% a menos do que em 2011. Cabe ressaltar que a quase totalidade da produção de motocicletas é realizada no Polo Industrial de Manaus da Zona Franca de Manaus (ZFM). O Polo de Duas Rodas é um dos mais importantes da ZFM. Esse polo responde por cerca de 20% do faturamento do Polo Industrial de Manaus, atrás apenas da indústria de eletroeletrônicos, que responde por mais de 30%. O polo de motocicletas gera cerca de 20 mil postos diretos de trabalho e hoje é uma importante referência quando se fala em adensamento da cadeia produtiva, pois atinge índices de até 90% de nacionalização da produção de alguns modelos de motocicletas.

O Brasil é o maior polo produtor de bicicletas fora do sudeste asiático – produz menos que China, Índia e Taiwan. Com uma produção anual de cerca de 4,5 milhões de bicicletas, aproximadamente 20% da produção é realizada na Zona Franca de Manaus.

A Zona Franca de Manaus foi criada em 1967 com o objetivo de se estimular o desenvolvimento daquela região. A ZFM é uma área de livre comércio de importação e de exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia um centro industrial dotado de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância a que se encontram os centros consumidores de seus produtos.

O setor de Duas Rodas passou a integrar a Zona Franca de Manaus na década de 1970, com a chegada da Honda, que abriu o segmento de motocicletas, e da Caloi, que já havia iniciado a produção de bicicletas. A Yamaha foi a segunda marca de motocicletas a se integrar ao polo, em 1985. A partir daí, o crescimento foi contínuo e, em 2012,  12  fabricantes de motocicletas já estavam instalados no Polo Industrial de Manaus.

5. PNEUMÁTICOS:

O setor de pneumáticos brasileiro fechou o ano de 2014 com 68 milhões de unidades produzidas. De acordo com a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos – ANIP, a indústria produtora de pneus é responsável por cerca de 26,8 mil empregos diretos e por mais de 100 mil empregos indiretos. Além disso, o setor possui estimativa de investimentos previstos entre 2006-2015 de R$ 10,7 bilhões. De acordo com a ANIP, atualmente, 36% do mercado interno é atendido por produtos importados, em sua maioria com baixo padrão de qualidade. O principal canal de vendas da indústria brasileira de pneus é o mercado de reposição e a rede de revendedores, que chega a 49,3% da produção total do setor. As montadoras respondem por 31,3% do total, e as exportações representam cerca de 19,4% da produção.

O setor atualmente conta com 20 fábricas de 11 diferentes fabricantes instaladas no País. Dessas fábricas, nove estão instaladas no Estado de São Paulo, duas no Rio de Janeiro, duas no Rio Grande do Sul, três na Bahia, três no Paraná e uma no Amazonas. Essas fábricas geraram em 2012 R$ 11 bilhões de faturamento. Cabe ressaltar, ainda, que o setor brasileiro de pneus responde por cerca de 0,7% do PIB Industrial e conta com uma extensa rede de distribuição, com mais de 4,5 mil pontos de venda autorizados, além de 1.257 reformadoras de pneus.

A balança comercial do setor é deficitária desde 2010, sendo que o déficit chegou a US$ 355,5 milhões em 2013. Esses sucessivos déficits contrastam com seus históricos superávits que, em 2007, foi de US$ 717,8 milhões. Formar uma barreira à entrada de pneus asiáticos a preços predatórios e reverter os volumosos déficits do setor estão entre as principais agendas do setor. Para isso, os fabricantes de pneus têm utilizado um importante instrumente de defesa comercial: o antidumping.