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Sergio Amaral faz balanço da viagem ao Japão

07/11/2001

Tóquio, 07/11

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sergio Amaral, seguiu ontem de Tóquio para Doha, no Qatar, onde vai participar da reunião da Organização Mundial do Comércio - OMC . Antes de embarcar, o ministro fez um balanço de sua viagem de três dias ao Japão, onde lançou o “ Projeto Mercados e Produtos Prioritários” e manteve encontros e reuniões com empresários e representantes do governo japonês.

- Que balanço o sr. Faz dessa viagem ao Japão, após três dias de agenda carregada por encontros com autoridades do governo e com empresários?

Sergio Amaral – Esta viagem representou uma grande oportunidade de nós retomarmos o ímpeto e o dinamismo que as relações entre o Brasil e o Japão já tiveram na década de 70, quando houve investimentos muito importantes pelo Japão na economia brasileira e houve uma forte ampliação do comércio. Esse dinamismo sofreu o impacto da crise da dívida dos anos 80, das dificuldades econômicas dos anos 90 e hoje nós temos uma grande oportunidade – que nós não podemos desperdiçar - de introduzir, novamente, o dinamismo e o ímpeto nesse relacionamento.

A presença aqui de uma importante delegação governamental, que contou, por exemplo, com o presidente do BNDES, Francisco Gros, com o secretário-executivo da Camex, Roberto Giannetti, e com o assessor especial do Ministério da Agricultura, embaixador Carlos Antônio Paranhos, e de uma importante delegação empresarial, com 35 pessoas, deu condições de nós discutirmos os mais variados aspectos da nossa relação econômica.

Quais pontos o sr. Destacaria?

A importância dos entendimentos a nível empresarial, iniciados pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), brasileira, com a Keidanren (Federação das Organizações Econômicas do Japão), que tomaram a liderança em sinalizar que nós precisamos construir um projeto com visão para o século 21. Nós encontramos a receptividade e uma mesma disposição do governo japonês – eu fui recebido por quatro ministros japoneses (Finanças; Economia, Indústria e Comércio; Agricultura, Floresta e Pesca; e Assuntos Econômicos junto à OMC) - e com todos eles as conversas foram produtivas.

Por exemplo?

No Ministério da Agricultura, notei uma disposição do ministro Tsutomu Takebe de examinar o que consideramos um impedimento na ampliação ao comércio entre os dois países, que são algumas restrições de caráter fito-sanitário, especialmente no que se refere às frutas brasileiras, particularmente na manga –cujo processo de aprovação de sua importação já completou, infelizmente, 30 anos. Dois dias depois do meu encontro com o ministro (nesta quarta-feira), dois técnicos do Ministério da Agricultura que nos acompanharam na visita estão discutindo com seus pares japoneses os aspectos relativos à exportação de frutas brasileiras, o que eu tomo como um gesto positivo do governo japonês.

Com o ministro da Economia, Indústria e Comércio, Takeo Hiranuma, nós vimos em primeiro lugar um interesse do governo japonês em coordenar os trabalhos com a delegação brasileira em Doha (Qatar), durante a reunião de ministros na OMC (Organização Mundial do Comércio). Eu vou voltar a me encontrar com ele em Doha. Vi ainda uma disposição muito clara para que nós trabalhemos juntos para ampliar as nossas relações de comércio, aumentando as exportações brasileiras. Essa conversa com o ministro Hiranuma teve continuidade depois com o presidente do órgão de promoção comercial do governo japonês, a Jetro (Japan External Trade Organization), Noburo Hatakeyama. Com ele a conversa foi tão produtiva que ficou acertado com eles que eles nos darão apoio às nossas exportações.

O que temos, então, de concreto?

Nós tivemos três ações importantes na área de ampliação de comércio. Foi lançada durante a minha visita a Câmara de Comércio e Indústria do Brasil no Japão, que funcionará em Tóquio. Ela vai servir como ponto de encontro daqueles que querem obter informações sobre o Brasil e que querem fazer negócios com o Brasil. Segundo, nós lançamos o Programa de Produtos e Mercados Prioritários aqui no Japão, depois de lançarmos semana passada nos Estados Unidos. Talvez o que vai ser mais produtivo no Japão é o fato de que nós vamos trabalhar junto com a Jetro – que nos fez várias propostas interessantes. Uma delas, a de oferecer as instalações deles para estágios de empresários brasileiros que querem passar algum tempo no Japão fazendo prospecção de comércio. Eles oferecem a parceria deles para realizar estudos de mercado e para realizar missões de exportadores brasileiros ao Japão e de importadores japoneses ao Brasil.

E para médio prazo? É possível que tenhamos um acordo comercial com o Japão?

Nas conversas com o ministro da Economia, nós levantamos uma questão que vai além da simples promoção de comércio. É o fato de que nós temos de pensar a médio prazo, que vai estar sob medida condicionada a algumas negociações importantes que já estão em curso, que é o caso das negociações Mercosul – União Européia e o caso da Mercosul – Alca. Se essas duas negociações prosperarem, como é possível que ocorra, nós vamos certamente ter um “desvio de comércio” em favor seja da Europa seja dos Estados Unidos em detrimento ao Japão. E nem nós nem o governo japonês quer que isso ocorra. Por isso, vamos ter de pensar em formas de aumentar e de consolidar os investimentos japoneses e as relações de comércio com o Japão. Existe um outro desenvolvimento também, que é preocupante, porque o Japão está negociando um acordo de livre comércio com o México. Se isso ocorrer e se finalizar – como parece que vai acontecer -, muitos dos investidores que hoje vêem no Brasil um mercado importante poderão se deslocar para o México, porque lá poderão se localizar empresas japonesas que vão produzir componentes para as fábricas que já têm nos Estados Unidos. Tudo isso nos leva a crer que nós devemos pensar seriamente em começar a avaliar como reforçar o comércio bilateral. Como expandir esse comércio e os investimentos e, eventualmente mesmo, um acordo de livre comércio entre o Brasil e o Japão. Isso foi discutido na conversa com o ministro da Economia e acertamos que vamos começar a avaliar isso, porque nós temos que, evidentemente, consultar o setor privado nacional – que já deu indicações de ser a favor, assim como o setor privado japonês - e, mais do que tudo, os nossos parceiros do Mercosul. O que, antes de tudo, depende desses estudos preliminares.

Outra conversa muito importante foi com o ministro das Finanças, Masaro Shiokawa. Ele recebeu a delegação brasileira por longo tempo e nós discutimos a situação econômica brasileira e a japonesa e o ministro demonstrou confiança na economia brasileira e na capacidade que o país terá de superar esse momento de incertezas na economia mundial. Ele se demonstrou disposto, favoravelmente, com a conversa – tanto que tomou a iniciativa de telefonar para o governador (presidente) do banco de investimentos japonês, o JBIC (Japan Bank for International Cooperation), Kyosuke Shinozawa, para enfatizar o empenho que ele tem de uma cooperação estreita com o BNDES.

Ele tem dois objetivos: que o banco oficial japonês de investimentos e o BNDES trabalhem juntos para identificar as melhores oportunidades de investimento e de intercâmbio. Em segundo lugar, que o JBIC ajude a financiar esses grandes projetos brasileiros na área de infra-estrutura e de energia, assim como os projetos de investimento japonês no Brasil.

Diante desse balanço, pode-se considerar plenamente exitosa a sua visita ao Japão?

Em poucas palavras, esta visita complementa a iniciada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 1996, que sinalizou claramente, àquela época, a prioridade política e econômica que os dois países dão um ao outro. E essa visita avança para retomar a relação que havia no passado, agora superadas as restrições que nós vivemos entre essas duas décadas. Ela marca o momento de uma retomada do dinamismo do relacionamento comercial e de investimentos.

Do meu ponto de vista, o que há de mais importante não são só as conversações – que foram muito positivas - e as idéias novas que surgiram. Mas, sobretudo, porque nós acertamos mecanismos concretos para assegurar que esses projetos vão se realizar e que nós vamos fazer o acompanhamento de perto dessas realizações. Eu convidei o ministro da Economia para ir ao Brasil e retomar esses temas. Eu acho importante porque nós encontramos mecanismos para assegurar a execução desses projetos. Primeiro, o mecanismo de cooperação entre a Jetro de um lado e a Camex e o Ministério das Relações Exteriores de outro; segundo, um canal entre o JBIC e o BNDES, que já trabalham juntos há algum tempo, mas que também trabalharão na identificação de oportunidades de investimentos; e terceiro, tudo isso ao lado de um canal que já existe e que houve uma clara manifestação de que seja reforçado, que é o existente entre a Keidanren e a CNI.

http://www.comexresponde.gov.br/sitio/interna/noticia.php?area=1¬icia=3861