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“Temos na mesa propostas concretas”, afirma embaixador no Japão

07/11/2001

Tóquio, 07/11

O embaixador do Brasil no Japão, Ivan Cannabrava, disse que o país tem, agora, propostas concretas para negociar com o governo japonês e promete transformar a Embaixada no principal foco do Programa de Promoção das Exportações brasileiras. Na avaliação de Cannabrava, o Japão não vai escapar do movimento de formação de blocos econômicos predominante no ocidente. Abaixo a entrevista do embaixador:

Qual avaliação que o senhor faz dessa visita de três dias do ministro Sergio Amaral ao Japão?

O primeiro resultado, e o que eu acho mais importante, foi essa retomada do diálogo, em alto nível, do Brasil com o Japão em termos econômicos e financeiros. O Brasil voltou a conversar em alto nível com o governo e com as mais importantes instituições econômicas japonesas, além de grandes empresários. Em segundo lugar, o ministro Sergio Amaral apresentou aqui iniciativas concretas.

No decorrer das conversas, foram exploradas oportunidades de trabalho e o Brasil colocou sobre a mesa propostas concretas, algumas delas que posso dizer, como a de cooperação entre a Jetro (Japan External Trade Organization), a Camex e o Itamaraty para assuntos comerciais. E um esquema direto entre o JBIC (Japan Bank for International Cooperation) e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a identificação de empresários e de áreas de investimentos para que os japoneses possam investir no Brasil.

O que eu acho é que nós tomamos a iniciativa e temos hoje sobre a mesa, com o Japão, propostas concretas. Além disso, nós inovamos ao apresentar idéias que a médio e a longo prazos poderão ter efeito, como é o caso do uso do etanol (álcool combustível) misturado à gasolina. Isso ainda desperta certa resistência aqui no Japão. Mas o fato é que nós realizamos um seminário, foi feita uma mobilização importante no Japão em torno dessa idéia e também é uma idéia brasileira que está em discussão, o que pode dar uma imensa repercussão.

O ministro Sergio Amaral lançou aqui sua proposta de produtos prioritários. Além disso, após as reuniões, surgiram muitas propostas de trabalho. Isso significa que a Embaixada do Brasil vai ter muito mais trabalho agora?

Sem dúvida nenhuma. O setor de promoção comercial da embaixada aqui em Tóquio é o ponto focal desse programa de mercados e produtos prioritários no Japão. Esses produtos estão identificados e, dentre os mecanismos e as idéias concretas que o ministro deixou aqui em Tóquio, figura justamente um trabalho junto à Jetro. E a embaixada está diretamente envolvida nisso, no sentido de discutir a implementação dessa estratégia de produtos e serviços prioritários. Isso é, agora nós vamos discutir novamente com a Jetro e redefenir as estratégias, quais são as melhores, para a penetração no mercado japonês. Ganhei a Jetro como importante parceiro e, sem dúvida, as instituições brasileiras também.

E com relação a essa possível formação de um novo bloco comercial que envolve, aqui na Ásia, o Japão, a China e a Coréia do Sul? Como o sr. avalia essas negociações?

Eu acho que é ainda uma coisa muito preliminar. O Japão sempre foi muito resistente a essa proposta de acordos de livre comércio. Evidentemente eles têm um acordo quase que concluído com Cingapura, que ainda não foi assinado, e eles estão em conversações – não especificamente negociações - adiantadas com o México sobre a conveniência ou não de um acordo comercial. Eu pessoalmente acho que a conclusão vai ser favorável. Há uma data-limite para essa conversação, que é junho de 2002. O que agora nós assistimos na área asiática é um pouco a continuação desse processo de o Japão estar demonstrando uma posição diferente com relação à regionalização do comércio. Eu acho que todas essas medidas que foram tomadas, o Japão já demonstrou interesse em fazer esse acordo de livre comércio regional asiático, a China fez a mesma coisa e a Coréia também.

Mas acho que estamos ainda em caráter muito preliminar. Temos de esperar o que vai sair da reunião de Doha. Temos de ver o que vai acontecer lá. Se lá houver um grande avanço, isso talvez se torne menos importante. Se Doha não representar um grande avanço, há uma tendência ao fortalecimento desses esquemas regionais. E isso (o acordo na Ásia) vai mais rápido. Agora, acho ainda que com essa tendência mundial de acordos de livre comércio e formações de bloco na América, na Europa, acho que a Ásia dificilmente ficará fora disso. Acho que é uma tendência que veio para ficar. Pode ser que demore mais ou menos, mas o Japão vai se engajar em acordos de livre comércio.

http://www.comexresponde.gov.br/sitio/interna/noticia.php?area=1¬icia=3866